“A rede nos acompanha desde o primeiro ao último dia – é berço, leito nupcial, é cama de enfermo, é caixão de morto”, Rachel de Queiroz.
Quem primeiro a chamou assim foi Pero Vaz de Caminha, em abril de 1500, em carta ao rei de Portugal descrevendo a maneira de viver do povo tupiniquim. Seu nome de origem, ini, só viria ao papel anos mais tarde, pelos relatos de estrangeiros como o escritor Hans Staden e do francês Jean de Lery, que dormiu em seu primeiro dia de Brasil, em 1557, numa rede à moda da América, “suspenso no ar”.
Mais que uma bênção, ela era realmente essencial para nossos ancestrais. O indígena criou a rede para elevar-se do solo e assim proteger-se dos insetos e de outros animais rastejantes. Dessa maneira dormiam mais protegidos, além de evitar a umidade da mata diretamente no corpo.
Na rede,nos aproximamos de todos os inícios,curvados levemente como fetos, livres de tarefas, deixamos a mente vaguear, o corpo se acomodar e nos embalamos em direção a paz
E será que a rede ajuda mesmo a pensar? “O balanço suave da rede trabalha a bipolaridade do cérebro, estimulando ao mesmo tempo o lado direito e o esquerdo, ou seja, o hemisfério subjetivo e o objetivo”, afirma Gil Kehl, terapeuta ayurvédico de São Paulo. “Esse é um momento em que ficamos bastante conscientes e presentes, numa espécie de estado de lucidez”, diz. Para ele, a rede ainda tem o valor de ser ortopédica. “Ao contrário da cama, ela encosta todos os apoios da coluna, aconchega e ajuda a relaxar os nervos e o corpo”.
A rede lembra ninar, colo, aconchego.... acalma, alivia e faz com que nosso único compromisso seja com o prazer .... simplesmente dormir ou desfrutar das infinitas possibilidades que vem do balanço gostoso dessa "mãe ancestral".
Uma verdadeira terapia! Pena que nem todos nós temos espaço suficiente em nossas casas para ter uma rede dessas e nos aconchegarmos, acalmarmos ...
ResponderExcluirÓtima matéria, Rita!!!
Beijos!!!