segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Vida e Jardim


Quando nasci, trazia um jardim.
 Não era bem um jardim. Era um espaço para ajardinar. 
Tinha apenas dois canteiros. O canteiro dos meus pais e o canteiro da minha família. O canteiro dos pais era lindo. Cheio de flores variadas, de cores exuberantes e de extasiante aroma. O canteiro da família tinha igualmente belas flores, mas também algumas ervas daninhas. 
Conforme fui crescendo, fui acrescentando canteiros. O canteiro do colégio, o canteiro dos amigos. Todos os dias, todas as horas, todos os minutos, todos os segundos tratava dos canteiros. Mas, com exceção do canteiro dos meus pais, em todos cresciam ervas daninhas. Bem as cortava, bem as arrancava, mas elas insistiam .
Um dia, tive que transplantar o jardim para outra terra. Construí o canteiro da memória que ainda hoje mantém, bem vivas, as flores que lá coloquei. Flores perenes, flores únicas. 
À medida que o tempo passava, os canteiros iam aumentando, em número e em tamanho. O canteiro da vida profissional. O canteiro da nova família que iniciei. O canteiro dos gostos. O canteiro dos desgostos. 

O jardim está enorme. Todo construído em linhas curvas, assimétricas. Continuo a tratar dele todos os dias, todos os minutos, todos os segundos. A tirar-lhe pedras, escolhos, ervas daninhas....A minha vida é o meu jardim.
Laura/PT

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